Conceção de Pontes Pedonais
As pontes pedonais em ambiente urbano são uma forma de aproximar as zonas de circulação pedonal e muitas vezes de reduzir os trajetos e tempos que as pessoas demoram a percorrer um determinado percurso. Na conceção e construção destas travessias é necessário ter em consideração várias coisas que podem condicionar a estrutura e a sua envolvente. Os efeitos negativos que podem surgir pelo aparecimento de uma ponte pedonal, nos utilizadores, nos habitantes e no comercio local, devem de ser mitigados. Só assim se consegue ter uma travessia que cumpra o seu propósito com efeitos secundários reduzidos.
A localização da ponte deve de ser analisada de forma que esta cumpra o seu objetivo, com um enquadramento na paisagem envolvente e sem alterar a visibilidade de outras vias de comunicação ou infraestruturas. Para além disso, deve-se ter especial atenção às zonas protegidas pelo ambiente e as condicionantes associadas a isso assim como à existência de infraestruturas enterradas ou solos de fraca capacidade. Tudo isto podem ser condicionantes importantes que devem de ser analisadas na altura da escolha do local da ponte.
Os utilizadores, tanto peões como bicicletas, devem de ser o foco da conceção de uma ponte pedonal. Para que estes utilizem a estrutura e se sintam confortáveis na sua utilização, é necessário colocarmo-nos na perfectiva de utilizador e compreendermos o que faríamos e como nos sentiríamos nessa situação. As ligações entre a ponte e os passeios adjacentes devem de ser feitos com transições suaves, utilizando as ligações mais diretas possíveis, de forma a evitar a criação de atalhos pelos utilizadores. Para que consigam passar 2 pessoas na ponte, a largura mínima confortável é de 1,50m, podendo descer até 1,20m em casos de pontes muito curtas. No caso de utilização por bicicletas nos dois sentidos, essa largura deve de subir para 2,40m mínimo, com uma sobrelargura em curvas que pode chegar a 0.50m adicionais. Com a existência de bicicletas sobre o tabuleiro, deve-se utilizar um raio mínimo de curvatura de 5 metros na sua conceção, para que não existam paragens na circulação. As rampas de acesso devem de ter um patamar plano a cada 1 metro vertical de subida.
Os valores apresentados são apenas referências que pode ser utilizadas. A conceção de uma ponte pedonal depende em muito da envolvente da mesma e como tal é necessária uma análise da circulação e fluxo de peões/bicicletas no local para se determinar as dimensões e conceção que permitem uma utilização confortável e segura da estrutura.
Tanto a ponde pedonal como os acessos devem de apresentar a menor inclinação possível. Tanto os peões como as bicicletas evitam percursos inclinados e desta forma, para que a utilização da ponte seja possível, é necessário adotar inclinações reduzidas e tanto mais reduzidas quanto maior os comprimentos dos troços de acesso ou da ponte. A inclinação máxima recomendada é de 6,67% mas em percursos com grandes comprimentos, a utilização de uma inclinação destas pode levar a uma não utilização do percurso no sentido ascendente. Poderá ser adotada uma circulação em forma de S, com o objetivo de reduzir a inclinação, mas deve-se também ter em atenção o fato de se poder estar a obrigar os utilizadores a fazer um percurso mais longo.
Os guarda-corpos são elementos importantes em ponte pedonais, tanto do ponto de vista de segurança como da estética da estrutura. Pode-se utilizar um valor mínimo de altura de 1 metro, no caso de utilização exclusiva pedonal mas quando temos uma ponte mista, com pessoas e bicicletas, a alturas destes devem de ser não inferiores a 1,20m. Para segurança das crianças, abaixo dos 70cm de altura as aberturas devem de ser limitadas a 10cm.
Para o dimensionamento estrutural de uma ponte pedonal, devem de ser utilizados os regulamentos nacionais aplicáveis em cada país. Apesar disso, existem alguns pontos que são transversais a todos os países na conceção, tal como é a necessidade de ter em consideração colisões acidentais de veículos ou barcos com o tabuleiro da ponte ou com os pilares de suporte. Esta é uma ação acidental relevante e importante em muitos casos. Para além das cargas verticais decorrentes da utilização da ponte, outros pontos importantes são a ação do vento e as vibrações. O vento, principalmente em tabuleiros suspensos, tem um papel importante para a criação de efeitos dinâmicos que devem de ser analisados. As vibrações, tanto devido aos efeitos do vento como devido à utilização normal das pessoas sobre o tabuleiro, é algo que deve de ser analisado, de forma a evitar a criação de estados de vibração passiveis de entrar em ressonância com as ações aplicadas à ponte pelas pessoas e pelo vento.
Durante todo o processo de conceção de uma ponte pedonal, os custos devem de ser algo sempre sobre a mesa e com um papel importante na análise de diferentes soluções. A utilização de estruturas com configurações mais simples e modulares, leva a uma redução de custos enquanto estruturas mais complexas, com materiais mais nobres ou com tabuleiros móveis, levam a um maior custo global. Os custos por metro quadrado de tabuleiro, para este tipo de estruturas, variam geralmente entre os 1000€ e os 6000€.
As pontes pedonais devem de ter um grande foco no utilizador, aquando da sua conceção global e um grande foco nos custos aquando da sua análise técnica. Este é o método utilizado pela Slefty para projetar e colocar ao serviço da sociedade, pontes pedonais de elevado impacto positivo para as populações.